Nasceu há 87 anos, em Lamalonga, Torre Dona Chama, em Trás-os-Mosntes. Oriunda de família com alguma aristocracia e com pai militar. Cresceu depois em Nuzedo de Baixo e os seus 8 irmãos e irmãs foram saindo do lar paterno, com vista a novos voos na vida. Ficou em casa até quase aos 30 anos e de uma paixão por um "plebeu", nada do gosto da família, nasce a saída para casamento muito confidencial e ainda de madrugada. Começa a viver com o seu "Zé" do coração. Falece, entretanto, o pai militar e faz-se a reconciliação e o regresso à casa onde a mãe Rosalina a recebe. Esta mãe sempre respeitou as vontades dos filhos e os exageros do marido. Nascem 2 filhos e ainda muito cedo, o Zé parte para parte incerta e dá com ele em Moçambique a servir um "branco", na zona de Tete. Esposa e filhos aguentaram mais 6 meses na Metrópole e alguém os ajuda a reunirem-se finalmente com Ele. Ela, sozinha e a expensas próprias, com orgulho demasiado para não querer ser dependente de ninguém, lutou e consegiu que a família estivesse de novo junta. Encontrámo-nos todos na Chicoa. Vai lá o ano de 1958. Agosto.
Falo-vos da Sra minha mãe, Maria Ludovina Dias, que hoje cumpre 87 anos de nascimento. Já partir há 5 anos, mas segue todos os dias connosco. Ela foi a 1ª Chefe que tive e o meu Pai era o meu companheiro mais velho até eu chegar aos quase 20 anos. Depois também nos deixou. Ela, Maria, resistiu sozinha a diversas situações de enfermidade e muitas dificuldades sentimentais e de carência afectiva sem nunca ter deixado de lutar por dois filhos que precisavam de tudo mesmo daquilo que nunca chegaram a ter. Viveu "orgulhosamente só" sem nunca recorrer a casa dos filhos para viver junto deles. Uns parcos dias, em Lisboa eram coisa bastante, porque na volta rápida tinha a casa, as oliveiras e outras desculpas para não "dar trabalho aos filhos e sobretudo às noras" :) :).
Um dia telefonou-me e disse-me: - Beto, vem-me buscar que eu quero estar ao pé de vós! Custou-me a acreditar mas era verdade. Uma enfermidade mais forte media em countdown a existência entre nós. Esteve bem hospedada e acarinhada por todos nós. Até o neto recente - Dário - que ela sempre aceitou desde a 1ª hora - era um menino que Ela amava de verdade. 3 meses depois, em 6 Agosto de 2008, estava eu com a família em Porto Santo quando me liga a dizer: - Beto, a Maria vai-se embora para ao pé do Zé. Adeus meus filhos. Beijinhos à Gabi, ao Pedro, à Inês e ao Dário. Com o teu irmão falo de seguida!
E assim foi, meia hora depois a Maria partia e nem nos deu tempo de apanhar o último avião do Porto Santo para Lisboa. Sempre foi uma Mulher de coragem e sem papas na língua. Muito Sra do seu nariz e com orgulho enorme nos filhos. Resistiu 32 anos a saudades do seu Zé. Estiveram connosco tempo de menos mas seguem presentes todos os dias das nossas vidas.
PARABÉNS MÃE, AVÓ E BISAVÓ MARIA. BEIJINHOS DE PARABÉNS E DIZ AO PAI QUE ESTAMOS TODOS BEM. CONTINUEM A OLHAR POR NÓS SFF!
