CONTRASTES.

Ainda está bem candente a tragédia que ocorreu recentemente no Haiti, onde a Natureza, com os seus fenómenos escondidos provocou mais uma enorme tragédia humana, num País dos mais pobres do Mundo. As estatísticas falam de cerca de 1.5 Mio de desalojados em 9 Mio de habitantes. Um cenário de destruição horroroso. Os mortos ainda não fazem parte de estatísticas.

O que mais me choca, no meio deste macabro acontecimento, é a inclemência Divina e não posso sequer acreditar que do além cheguem "castigos" desta dimensão que se abatem sobre gente desprotegida, excluída e altamente carenciada de tudo o que um ser humano necessita para sobreviver.

Ao contrário do que todo o Ser comum esperava, não foram socorristas, médicos, ajudas alimentares que chegaram ao Haiti. Foram isso sim, os meios de Comunicação, sedentos por vender imagens dramáticas de um povo sofredor. A imagem barata mas que ainda vende milhões.

Portugal está a cooperar, mas imagine-se que o C 130 até veio para trás com uma avaria num dos motores e partiu de novo, no dia seguinte. Este exemplo a par de outros vindos de potências que têm excedentes de todo o género, veio trazir à liça a velha questão: porque somos tão céleres a correr para uma guerra e tão lentos a acudir a tragédias naturais. Parece haver aqui um conluio de quem criou o Mundo com quem o governa.

E ainda surgem estes contrastes em que vemos, a 90 km do sinistro, paquetes de luxo, onde a vida continua faustosa em camarotes, restaurantes, piscinas, casino e ao lado, alguns milhões que pedem um pouco de água; um antibiótico para conter as infecções galopantes; a rápida intervenção que faça desta gente seres humanos para os quais temos que abrir rapidamente os nossos corações. Acabem com estas reportagens escritas, fotográficas e de televisão e ajudem a sarar as feridas e a alimentar as pessoas que se apertam em corredores enormes à espera de algo que lhes mate a fome e acalme as dores. É que fome e dor também originam a revolta e a agressividade. Tudo por impotência nossa.

E estes paquetes que desembarquem algures os turistas de luxo, e se ocupem da saída dos milhares que esperam em Port au Prince, por uma esperança de vida. Se é que existe Vida!